Eu e Kazumi precisávamos ir para o Acampamento Meio-Sangue para um intercambio que tinha como intuito de gerarmos uma melhor relação entre os Acampamentos. Em troca, eles enviariam dois semideuses para cá para que aprendessem conosco sobre nossa forma de fazer as coisas e sei lá mais o que. Aatrox havia nos instruído a tentar fazer amizade e aprender sobre cultura, modo de treino e o que mais pudessemos no local e, se possível, ajudar no que quer que eles precisassem. De todo modo, achávamos que pelo menos teríamos um treino razoável lá — não esperávamos a rigidez do treino do romano ou algo assim, porém achávamos que os filhos da guerra deles fossem ser bons em combate.

No entanto, havia uma coisa que eu precisava fazer antes de ir para lá. Fui para o Senado falar com Aatrox, já com a mochila com todas as roupas e pertences que levaria arrumada. Aproximei-me do balcão com um sorriso nos lábios, olhando as secretárias e apoiei as mãos no balcão. Era um dia meio frio e a proximidade aqueceu-as um pouco, parecendo também ajudar a acalmar os ânimos ali. Provavelmente estavam tendo uma manhã bem atarefada ou tiveram algum atrito no dia anterior, porque pareciam chateadas uma com a outra.

— Oi, bom dia... Posso falar com o senhor Pretor? — Perguntei com suavidade e a mais antiga, que deveria ter algo pro volta dos trinta e cinco anos, se ergueu com suavidade. Seus lábios curvavam-se em um sorriso para mim, já acostumada com as minhas visitas para falar com o pretor. Talvez elas tivessem três meses de paz enquanto eu estivesse no Acampamento Meio-Sangue.

— Vou avisa-lo que veio se despedir, Akemi. Um segundo. — Concordei com a cabeça e vi a mulher se afastar. Alguns instantes depois voltou e me indicou a porta da sala. Aatrox poderia me receber agora mesmo e poderia contar o que sentia! E teria três meses pra descobrir como abrir um buraco pra me enterrar em Nova Roma, porque ia precisar depois disso. — Ele está lhe esperando, querida.

— Muito obrigada, tia!

Então fui saltitando até a porta e bati de leve antes de entrar. Caminhei até sua mesa com cuidado, tirando a mochila das costas e me sentei em uma das cadeiras, colocando a bagagem em meu colo. Aatrox estava com vários papeis ali na mesa, então sabia que provavelmente eu não tinha muito tempo para conversarmos. Por sorte, eu provavelmente só tomaria alguns minutos do seu tempo... Ainda que fosse bem constrangedor o que estava prestes a falar para ele.

— Eu vim por duas coisas... A primeira é que queria me despedir de você antes de ir pro intercambio... Sei que já fizemos isso ontem a noite, mas queria fazer de novo... Já a segunda coisa é meio delicada. Lady Vesta permite que a gente namore e se case após sete anos de serviço, o que eu completo hoje. É um pouco precoce e tudo bem se não puder corresponder... Eu só queria que soubesse que... hm... eu gosto de você para casar.

A última frase saiu baixa, mas audível o suficiente para que Aatrox não só escutasse como compreendesse o que queria dizer. Estava apaixonada por ele, apesar da grande diferença de idades entre nós dois. A maioria das pessoas alegaria ser apenas uma paixão infantil que logo passaria, porém algo me dizia que era um sentimento mais duradouro do que só um "crush" nele. Só não esperava que fosse correspondida e, bem, com a quantidade de pessoas na concorrência duvidava que ele fosse ter olhos para uma garota de treze anos. Era uma criança, no fim das contas, e duvidava que se sentisse atraída por esse tipo de pessoas.

— Muita coragem sua vir falar comigo sobre o que sente, Akemi... Mas é um pouco complicado. Olha aqui para dentro.

Fiz o que ele pediu e, lá no fundo, via algo se modificando... Ou seria revelando? Um padrão de cores parecidas com a cauda de um pavão começou a se formar. Pisquei algumas vezes, compreendendo que o meio-sangue era um Campeão de Juno. Apertei as mãos em punho sobre o colo, porque sabia que talvez ele jamais pudesse retribuir meus sentimentos por ele. Mordi o lábio inferior, porém tentei não começar a chorar ou ter alguma reação parecida com isso. Foi quando notei que já havia aprendido e dominado a principal lição de Vesta para os seus devotos: ceder. Estava disposta a "ceder" minha própria felicidade e desejo de construir uma família com ele se aquilo significasse que ele seria feliz.

— Olha, Aatrox, se não puder me amar de volta, eu quero que seja feliz. Não sei quem vai ser sua prometida, mas espero que ela possa lhe dar filhos saudáveis, te fazer feliz e ser uma boa companheira. Apenas gostaria de podermos continuar juntos, se possível, mesmo que apenas como amigos... Não quero ter que me afastar de você.

O maior deu um sorriso para mim, porém não entendia o significado daquilo ainda. Parecia que estava... satisfeito com a resposta? Acho que era, mas era difícil decifrar com precisão tudo o que Aatrox estava pensando ou sentindo todas as vezes. Seus dedos tocaram minha bochecha por cima da mesa e afagaram o lugar antes de ouvirmos alguém falando na entrada que precisavam de mim para partir. Suspirei e me levantei, um tanto triste por precisar ir. Seriam três meses longos, mas torcia para fazer amigos entre os gregos.

— Conversaremos sobre isso quando nos virmos novamente, certo? Agora vá, minha pequena, vocês dois vão ter uma longa viagem até Nova York. — O maior me acompanhou até a saída do Acampamento e fomos rumo ao Acampamento Meio-Sangue, sem saber o que deveríamos esperar sobre aquele lugar. Nossa única certeza era que provavelmente seria algo diferente do Acampamento Júpiter.

(...)
Os meio-sangues de Ares deixavam a desejar em termos de habilidades e os de Atena eram mais dados aos planos do que a luta em si, mas ajudavam mais do que as crias do dito deus da guerra. Minha imprevisibilidade parecia ser um desafio gigantesco para eles, o que provavelmente era um trunfo na hora de lutarmos. Todavia, sentia que faltava algo... Mesmo na floresta, com os monstros agressivos tentando me atacar, não sentia uma dificuldade que serviria para manter meu treinamento a altura. Além de ter pouca coisa para fazer por ali que não envolvesse ter que sair do Acampamento e ir para a cidade que ficava a sei lá quantos quilômetros dali.

Cansada de ficar entediada e dos semideuses me olhando estranho porque atraía problemas, usei um arco-íris para criar uma Mensagem de Íris para Aatrox para tentar convencer o maior a nos deixar voltar para casa. Parecia que havíamos sido castigados por alguma coisa qualquer e por isso havíamos sido mandados para lá. Como o esperado, estava sentado em sua mesa com um monte de papeis na mesa e caixas espalhadas pelo chão perto dele. Apenas ver ele pela mensagem gerou uma sensação de alívio estranha em mim.

— Aatrox... Oi, bom dia... Por favooooor, deixa a gente voltar pra casa! A gente jura que vai se comportar! Já entendemos que fomos crianças malvadas e já fomos punidos o suficiente. Eu não quero desaprender a lutar.

Minha voz estava misturando desespero e choro e torcia para que o maior conseguisse entender o que tava tentando dizer. O medo de desaprender a lutar era real: iria acontecer por falta de prática real, porque pouquíssimas pessoas ali tinham a mesma habilidade, conhecimentos e capacidade de nos ajudar como ocorria no Júpiter. E também tinham medo de nós por atrair tantos monstros para o Acampamento, porque acontecia muito frequentemente de criaturas em excesso aparecerem nas fronteiras desde que chegamos até ali. Quando Aatrox me olhou, podia ver o desejo dele de começar a rir, mas estava se controlando.

— Akemi, vocês não estão de castigo... Mas o que houve? — Apesar de querer rir, parecia estar genuinamente preocupado com a possibilidade de alguma coisa ter ocorrido conosco.

— Os treinos de combate aqui são estranhos... E a gente tá com saudades...

Armas:

Passivos:

Eu e Kazumi precisávamos ir para o Acampamento Meio-Sangue para um intercambio que tinha como intuito de gerarmos uma melhor relação entre os Acampamentos. Em troca, eles enviariam dois semideuses para cá para que aprendessem conosco sobre nossa forma de fazer as coisas e sei lá mais o que. Aatrox havia nos instruído a tentar fazer amizade e aprender sobre cultura, modo de treino e o que mais pudessemos no local e, se possível, ajudar no que quer que eles precisassem. De todo modo, achávamos que pelo menos teríamos um treino razoável lá — não esperávamos a rigidez do treino do romano ou algo assim, porém achávamos que os filhos da guerra deles fossem ser bons em combate.

No entanto, havia uma coisa que eu precisava fazer antes de ir para lá. Fui para o Senado falar com Aatrox.

— Falas da Akemi.

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